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Presence (2025)



Uma família descobre que não está sozinha depois de se mudar para sua nova casa nos subúrbios. O diretor Steven Soderbergh apresenta todas as cenas da perspectiva visual do fantasma, com a audiência assumindo os olhos e ouvidos do fantasma. Um filme intimista, lento e dialogado, que toca em temas relevantes, causando uma impressão positiva.


A família que chega na nova casa é disfuncional. Isto é demarcado ao trocarem as cores vivas da casa por uma cinza morrediço (somente a sala onde o fantasma mais se manifestará segue com uma cor viva), e todas as refeições são entregues de fora ou congeladas – ausência do amor no preparo do alimento. A origem do problema está na dissonância do amor da mãe e na falta de ordem do pai, parecendo quererem inverter suas funções – ambos falhando em sua missão familiar ontológica. A falha paternal reflete no egocentrismo do filho e no isolamento da filha que busca na promiscuidade uma fuga para sua dor. A falta de estrutura familiar é uma porta aberta para a entrada do mal em qualquer lar.


Apenas as personagens que passaram por uma experiência traumática (filha e mãe em momentos diferentes) tem a habilidade de sentir a presença do fantasma. O fantasma do filho sofre por sua conduta passada e estaria preso a este mundo para remediar suas faltas, ele sofre. Aquele que sofre muitas vezes se sentem como um fantasma neste mundo, até porque erroneamente as pessoas tendem a se afastar de quem padece. Mas aquele que sofre propende a ter maior empatia com os demais. Não precisa ser assim, não deve ser assim. A falta de consciência de sua condição temporal afasta o homem do seu semelhante. Presence nos recorda de nossa condição humana, lembrando-nos de não deixarmos de fazer o certo agora, pois só na fantasia tem-se a chance de consertar algo após a morte, e ter sempre presente a regra de ouro de Lucas 6:31: "E o que quereis que vos façam a vós os homens, isso mesmo fazeis vós a eles."


Estas duas vertentes mais que compensam a forçada lógica narrativa do retorno pós-morte, e da fraca atuação dos atores que personificam os irmãos.



Filme Nota 4 (escala de 1 a 5)

©2019 by Cultura Animi

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