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Os Lusíadas de Luís de Camões


Personagens Principais Narrador – o próprio Camões Vasco da Gama – comandante da expedição

Personagens Secundárias Tágides – musas do Tejo (Tagus) invocadas pelo poeta Deuses Olímpicos – dividem-se entre amigos e inimigos dos portugueses Viriato – lusitano que comandou forte resistência aos romanos Rei de Melindi – ouve de Gama a história de Portugal Inês de Castro – aia, casa-se com Pedro, morta a mando do rei Nuno Álvares Pereira – herói da batalha de Aljubarrota Velho do Restelo – pessimista, vaticina contra a expedição Adamastor – monstro marinho representando o cabo das Tormentas Rei Calicute – ouve de Gama a descrição dos reis de Portugal Sirena – sacerdotisa, vaticina sobre o futuro dos portugueses

Interpretação Onde terá segura a curta vida, / que não se arme e se indigne o Céu sereno / contra um bicho da terra tão pequeno? – Camões descreve a trágica condição humana


Inspirado no modelo poético do épico antigos, principalmente na Eneida de Virgílio, Camões descreve a viagem de Vasco da Gama na descoberta da rota marítima para as Índias, enquanto genialmente traça inigualável panorama da história de Portugal e filosofa sobre a condição humana. Com versos de extrema beleza Camões harmoniza a objetividade histórica com a subjetividade de seus próprios sentimentos.


Mais que dos portugueses, Camões fala da cristandade e da condição humana, apresentando o homem em sua pequenez absoluta – vítima e herói dentro de uma existência que o transcende.


O povo português transforma-se em uma sociedade heroica ao fazer a escolha pelo Céu em detrimento da Terra. Todos os impérios foram construídos sobre bases religiosas – não há império de natureza laica. Toda cultura floresce no alto de um alicerce religioso


A expansão territorial portuguesa coincidia com a expansão da fé – império e fé são a mesma coisa para Camões. A história de Portugal está associada a movimentos iniciáticos religiosos como a Ordem de Jesus (formada com o que sobrou dos templários franceses) e a Ordem de Avis. A explicação de como um pequeno povo exprimido entre o oceano e a belicosa Espanha transformou-se na maior nação do mundo está na sua formação religiosa.


A própria existência humana só é viável em meio a tensão entre o Espírito e a Matéria. O homem não é criador de si mesmo, e carece ajustar seu olhar para o alto.


O conceito de estado laico é autocontraditório – caminho para a destruição dos pilares que sustentam a sociedade.



 


Notas


  • Luís de Camões (c. 1524-1580) nasceu em Santarém, Portugal.

  • É o autor mais importante da língua portuguesa. E o último grande poeta épico do mundo.

  • Os Lusíadas são o poema épico da cristandade e da lusitanidade. Editados em 1572, os 8.816 versos decassílabos divididos em dez cantos narram a descoberta de Vasco da Gama (1469-1524) da rota marítima para a Índia (1497).

  • A rota terrestre já era conhecida desde os tempos de Marco Polo (1254-1324).

  • A obra é riquíssima em referências mitológicas, geográficas, históricas e políticas, tendo sido vista por muitos como a maior de todas as epopeias modernas, superior mesmo ao Paraíso Perdido de John Milton (1608-1674). Para Friedrich Schlegel (1772-1829), trata-se do maior poema épico de todos os tempos e, para Montesquieu, há na obra máxima de Camões, “o encanto da Odisseia e a magnificência da Eneida”.

  • Apesar de haver uma personagem formal na história, Vasco da Gama, tem-se nítida impressão de que o verdadeiro sujeito é o povo português.

  • Mapa das Expedições de Vasco da Gama: caminho percorrido pela expedição de Vasco da Gama (a preto). Nesta figura também se pode ver o percurso de Pêro da Covilhã (a laranja) separado de Afonso de Paiva (a azul) depois da longa viagem juntos (a verde).



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