Personagens Principais Wilhelm Meister – jovem, meigo e imberbe (cerca de 20 anos), filho de comerciantes Barão Frederick Lothario - Baronessa Natalie – amazona, irmã de Lothario Mariane – jovem atriz, amante de Meister Félix – filho de Meister e Mariane Mignon – criança espancada pelo dono do circo, comprada por Meister Augustin (harpista) – pai de Mignon
Personagens Secundárias Abade – aparece em diferentes disfarces, ligado a Lonthario, guia Meister Bárbara – criada de Mariane, esperta e de certa idade Werner – amigo de infância de Meister Melina – ator que na penúria busca emprego burguês Philine e Laertes – atores de uma companhia de teatro (circo) falida Lydie – inconveniente apaixonada por Lonthario Serlo – empresário teatral Aurelie – irmã de Serlo Elmira – filha de um ator, casa-se com Serlo Sperata – irmã do harpista e mãe de Mignon Therese – antiga prometida de Lotharios Friedrich – namorado de Philine, irmão de Natalie
Interpretação “Yo sé quién soy.” – Dom Quixote
Wilhelm Meister não sabe que ele é – um jovem burguês que não aceita sua perspectiva de vida e acredita-se um intelectual. Tem uma visão romântica do teatro e o usa como forma de escapar seu destino burguês. Um vaixá que se crê brâmane ou intocável.
Meister passará por um processo iniciático, ajudado pela Sociedade da Torre (funciona como uma espécie de Providência), para reconhecer a sua vocação, descobrir quem ele é. Então ele poderá agir coerentemente com a sua natureza – ação mais eficaz.
Para Goethe a ação é tudo – ação é real e único instrumento da salvação humana. Erros ocorrerão mas a ação os purifica. O homem acerta quando erra – ao agir ele se redime de suas limitações e pequenez.
A felicidade final de Meister é finalmente saber que é – Meister é, finalmente, Mestre.
Não conhecer-se é um problema humano recorrente – nosso potencial de auto ilusão é enorme. Precisamos saber reconhecer as ações da Providência que nos orientam na direção correta, pois não temos uma Sociedade da Torre para ajudar-nos.
Notas
Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) nasceu em Frankfurt-am-Main (então uma cidade-estado de aspecto medieval – hoje Alemanha). O maior literato alemão, especialmente em função de sua poesia (que se perde na tradução). Outros creditam a Friedrich Schiller o título de maior poeta da língua alemã (autor da peça Guilherme Tell de 1804).
Outras obras destacadas de Goethe são: Fausto I (1808), Fausto II (1833 – póstumo) e Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774).
Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister foi publicado em 1829. Os acontecimentos da narrativa ocorreriam entre os anos 1770 e 1780 em alguma localidade na Alemanha.
É o primeiro Bildungsroman – romance de formação ou aprendizado – processo de alcance da maturidade da personagem através das vicissitudes da vida.
Participa do movimento Sturm und Drang (1770-1790 – rebelião de jovenzinhos burgueses segundo Otto Maria Carpeaux) caracterizado pela expressão de sentimentos com toda a força e potência, quase sem medir consequências – sair da moderação greco-romana e ir para o mundo de expressionismo sentimental (obra literária como exposição da intimidade).
As castas inferiores não entendem as de cima, mas estas podem entender as de baixo.
Enxerto da narrativa: “O quanto ignoram a si mesmo esses homens, de que modo exercem sem qualquer discernimento suas atividades, e quão ilimitadas são suas pretensões, disso ninguém tem a menor noção. Não só cada um quer ser o primeiro, como também o único; todos excluiriam, com prazer, os demais, em ver que, mesmo com todos juntos, mal poderiam realizar alguma coisa; todos se imaginam maravilhosamente originais e, no entanto, são incapazes de descobrir no que quer que seja algo que esteja fora da rotina, o que os leva a sentir um eterno desassossego pro algo novo. Com que violência agem uns contra os outros! E só o mais mesquinho amor próprio, o mais tacanho egoísmo fazem unir-se um ao outro. Não há que se falar de um comportamento recíproco; perfídias secretas e palavras infames sustêm uma eterna desconfiança; quem não vive licenciosamente, vive como um imbecil. Todos reclamam a mais incondicional estima, e todos são sensíveis à menor crítica. ...Sempre necessitado e sempre desconfiado, parece não temer nada senão a razão e o bom gosto, nem procuram ater-se a outra coisa que não o direito majestoso de seu capricho pessoal”. – Wilhelm Meister descrevendo os artistas de teatro