Personagens Principais Narrador – ex-combatente, botânico, habita o eremitério no penhasco de mármore Otho – irmão do narrador, bibliotecário e igualmente ex-combatente Monteiro-mor – líder violento da Mauritânia com ambições totalitárias Braquemart – líder intelectual da Nova Borgonha, niilista, utopista e totalitarista Príncipe Sunmyra – nobre da Nova Borgonha Belovar – pastor independente e rico de Campanha Padre Lampros – monge cristão, simboliza as tradições europeias
Personagens Secundárias Erio – filho do narrador, produto de uma aventura com Silvia (feiticeira) Lampusa – avó de Erio (mãe de Silvia), feiticeira, trabalha para os irmãos no eremitério Ansgar – filho do senhor das pastagens de Bodan (povo de Alta-Plana) Biedenhorn – líder dos mercenários, supostamente a serviço dos clãs de Marina
Interpretação História da luta entre duas potências totalitaristas e diabólicas pelo domínio de Marina, idílico país mediterrâneo simbolizando a velha civilização europeia – esmagada pelo anti-intelectual dos sub-humanos. Braquemart simboliza o niilismo consciente enquanto o monteiro-mor representa o anarquismo furioso. Há quem entenda estas duas forças como o comunismo internacionalista de Stalin e o comunismo nacionalista de Hitler.
Marina sofrerá uma crescente decadência espiritual, moral e jurídica antes de finalmente sucumbir no anarquismo do monteiro-mor. O mal só prospera diante do afastamento do bom e acovardamento dos homens honestos – preservação dos valores como condição do equilíbrio social (mesmo diante do aniquilamento é preciso salvar os valores para o futuro ressurgimento)
Podemos interpretar a batalha por Marina como a luta interna do homem por sua alma. O afastamento da transcendência e abandono da razão concede espaço para as forças humanas abissais.
Notas
Ernst Jünger (1895-1998) nasceu em Heidelberg na Alemanha. Foi herói altamente condecorado na IGG – para ele a suprema felicidade do homem consiste no ato de sacrificar-se. Figura equívoca, militou pela causa nacionalista mas afastou-se do nazismo.
Era entomologista e muito próximo a seu irmão (poeta e ensaísta) – reportando aos irmãos da narrativa de Nos Penhascos de Mármore.
Esteve no Brasil por dois meses em 1936. Observado os passageiros de um navio no Amazonas tirando fotos da selva escreveu: “Estupidez dos passageiros que, da amurada, fotografam e filmam, sobretudo quando o barco passa rente a margem, quase roçando nela. No momento que deveria ser consagrando inteiramente à união do olho com as coisas, o homem só pensa nos apetrechos de apanhar sombras, mecanizando a lembrança. (Assim) torna-se rudimentar, fica sendo apêndice ou órgão a serviço do aparelho magnífico de que está armado”.
Segundo Otto Maria Carpeaux, o autor não sabe criar personagens vivos e humanos, mas sim sabe criar atmosferas por seu estilo conciso e elaborado – sua magia é a técnica.
Nos Penhascos de Mármore, considerado sua obra-prima, foi escrito em 1939. Destacam-se ainda seus romances militaristas Tempestades de Aço (1920) e O Bosque 125 (1925).
Geografia da narrativa: Marina: povo idílico voltado à agricultura (parte da Nova Borgonha) Mauritânia: povo caçador e belicoso comandado pelo monteiro-mor Campanha: povo pastor e selvagem, os violentos vermes-de-fogo habitam suas florestas Alta-Plana: povos livres que venceram o grupo combatente do narrador
Excertos relevantes: “Quando desaparece o sentimento da moral e do direito, e o horror obscurece os sentidos, esgotam-se as forças do homem comum.” – necessidade social dos grandes espíritos “A história humana retorna sempre ao ponto que ameaça degenerar na pura substância demoníaca.” – ciclos cósmicos