O problema educacional é o abandono da formação do indivíduo em prol da formação do cidadão, ou seja, do grupo social. É o conceito messiânico da criação do novo homem (da nova sociedade) através da educação, ideia germinada pelo pedagogo tcheco John Amos Comenius (1592-1670), considerado fundador da pedagogia moderna – refletindo no ensino o crescente desejo gnóstico de substituir o mundo divino pelo humano.
A distorção da função da educação ganha impulso com o psicólogo americano John Dewey (1859-1952) para quem a educação visa apenas formar mão-de-obra para as diferentes funções requeridas para o progresso da sociedade. E impregna os organismos internacionais através de indivíduos como o arauto da Nova Ordem Mundial Robert Muller (1923-2010), guru da ONU ao longo de 40 anos.
Para os organismos internacionais (UNESCO, OCDE, Conselho da União Europeia, Comissão Europeia, e outros) o objetivo da escola não é mais prover conhecimentos intelectuais, mas doutrinar valores, atitudes voltadas para a sociedade, sexo, trabalho e espírito. As escolas substituem os pais, pois a escola não mais se restringe aos aspectos acadêmicos e atribui-se o dever de educar a criança para a vida. Os burocratas daqueles organismos querem que o professor seja um “agente de mudança”, assim como o diretor da escola, cujo papel também assumiria a responsabilidade de vencer a eventual resistência entre professores e a comunidade.
Substitui-se o conhecimento acadêmico por um conjunto de técnicas de manipulação comportamental que permitem moldar ou modificar atitudes e hábitos diretamente, sem a necessidade de doutrinação, sem passar pela inculcação de ideias e crenças, isto é, sem qualquer apelo ao pensamento consciente – num dinamismo mais maléfico que a mera doutrinação. O efeito destrutivo é devastador, pois roubam da vítima (o aluno) as ferramentas cognitivas que lhe permitiriam reagir àquela manipulação – ao invés do aluno adquirir o instrumental para construir suas opiniões, tiram-lhe os instrumentos e moldam-lhe a opinião.
Fala-se em democratização das escolas e socialização das crianças quando na verdade busca-se a coletivização dos espíritos dos alunos. O fenômeno do crescente peso da influência de grupo (colegas) na escola – pressão dos pares – não é espontâneo, mas sim fomentado por uma politica de socialização voltada para a destruição dos pais como referência para os filhos.
O apelo à própria consciência é cada vez mais reduzido, expostos a manipulação na escola “os dirigidos” tornam-se incapazes de perceber as mais grotescas incoerências no seu discurso, mesmo quando ele tornam irrealizável na prática aquilo que eles proclamam como seu ideal.
No fundo visa-se a criação de duas classes. A classe dos dirigentes, única a deter o verdadeiro conhecimento, e a dos dirigidos, moldada para servir-lhes.
Em Maquiavel Pedagogo, Pascal Bernardin apresenta o trágico quadro acima através dos próprios documentos daqueles organismos internacionais.
Segue quadro resumo das diferentes técnicas de manipulação empregadas neste processo de instrumentalização ideológica da educação (clicar na imagem para ampliação e melhor leitura):
Notas
Pascal Bernardin (1960- ) é jornalista e nasceu em Paris, França.
Entre seus livros, além de Maquiavel Pedagogo (1997), também se destacam O Império Ecológico (1998) e Le Crucifiement de Saint Pierre (2009).
John Dewey também influenciou o político baiano Anísio Teixeira (1900-1971) que traz para o Brasil a mentalidade pragmática da educação. Passado alguns anos há o desastre Paulo Freire (1921-1997) que vê no aluno apenas um futuro militante da revolução comunista. Ambos representam o atual aspecto galináceo da educação brasileira: um ensinando a criar galinhas e o outro a roubar as galinhas.