“Every screenwriter worthy of the name has already directed his film when he has written his script.I felt the urge to direct because I couldn't stomach what was being done with what I wrote.” – Joseph L. Mankiewicz
Joseph L. Mankiewicz reinou no final da década de 1940 e ao longo da década de 1950 como o principal roteirista e diretor dos filmes mais letrados e sofisticados de Hollywood, muitos deles alcançando sucesso de bilheteria. Seu estilo visual pouco inspirado como diretor eram mais que compensados por seus roteiros espirituosos e mordazes.
Sempre foi evidente que ele era primeiro um escritor, depois um produtor e por último um diretor. Num filme de Mankiewicz, o diálogo é tudo – uma conversa rica, polissilábica e epigramática. As qualidades literárias de Mankiewicz levaram à sua super e subestimação à medida que as modas críticas fluíam. O mundo dele é teatral e artificial, e em seus filmes a vida muitas vezes parece um clube de debates. Mas ele sabia como encenar uma cena e geralmente extraía o melhor dos atores.
Seguem comentários sobre seus melhores filmes:
The Ghost and Mrs. Muir (1947): Em 1900, uma jovem viúva descobre que sua casa à beira-mar está assombrada e estabelece uma relação inusitada com o fantasma. Adaptado do romance homônimo de Josephine Leslie (aka R.A. Dick) publicado em 1945. É uma história que requer a morte para consumar o amor, relembrando que a morte não deve ser temida. O filme também nos permite acreditar que pessoas boas terão um final bom e pessoas más terão um final ruim, e esta não é uma má mensagem. Uma comédia familiar clássica tão charmosa quanto instigante, com grandes atuações de Rex Harrison e da bela Gene Tierney.
A Letter to Three Wives (1949): Uma carta “de sua melhor amiga” Addie Ross é endereçada a três esposas, anunciando que ela está fugindo com um de seus maridos – mas ela não diz qual deles. Baseado no romance Letters to Five Wives (1946) de John Klempner. Mankiewicz apresenta flashbacks da visão de cada esposa sobre a discórdia doméstica: o silêncio ressentido, a batalha cultural do comércio versus a arte, e a guerra de classes abertamente sexual – o filme, com suas crises bergmanianas, poderia ser chamado de “Cenas de Três Casamentos”. Filmes assim maduros, poderosos e comoventes, são raros. Uma fotografia sofisticada e espirituosa do drama da vida. Mankiewicz ganhou o Oscar de melhor diretor e de melhor roteiro por seu trabalho neste filme.
All About Eve (1950): Aparentemente tímida, mas secretamente implacável, Eve Harrington (interpretada por Anne Baxter) insinua-se na vida da idosa estrela da Broadway Margo Channing (interpretada por Bette Davis – em seu melhor papel) e do seu círculo de amigos do teatro. Inspirado no conto The Wisdom of Eve (1946) de Mary Orr. Uma representação dramática do show business e da vida nos bastidores da Broadway e do teatro de Nova York. O filme é conduzido pelo roteiro espirituoso e cínico de Mankiewicz que através da personagem Addison DeWitt apresenta suas opiniões sobre o show business. A busca de sucesso a qualquer preço, e o medo do envelhecimento e da perda da fama também são abordados. Ao final vemos o triunfo da personalidade e da vontade sobre o poder superficial da beleza e da fama. Oscar de melhor diretor e roteiro para Mankiewicz. Com 14 indicações, o filme ainda levou mais quatro estatuetas, incluído a de melhor filme.
5 Fingers (1952): Durante a Segunda Guerra Mundial, o criado (interpretado por James Mason) do embaixador britânico em Ancara vende segredos aos alemães enquanto tenta namorar uma condessa polonesa refugiada. Versão romanceada da vida do espião alemão Elyesa Bazna (1904-1970) aka Cicero – baseada no livro Der Fall Cicero (1950) de L.C. Moyzisch. Nas competentes mãos de Mankiewicz, a trama de espionagem se transforma em uma comédia de costumes sofisticada, sardônica e espirituosa. A excelente atuação de Mason torna o filme um deleite especial. Clássico dos filmes de espionagem.
Julius Caesar (1953): A ambição crescente de Júlio César é fonte de grande preocupação para seu amigo Brutus. Cássio o convence a participar de sua conspiração para assassinar César, mas ambos subestimaram a reação Marco Antônio (interpretado por Marlon Brando). Adaptação da peça histórica de Shakespeare. Com um tom sóbrio desenrola-se o drama histórico sobre traição, vingança e poder político, que encontra seu ponto mais alto nas performances e em alguns diálogos shakespearianos memoráveis – destaque para o irado discurso fúnebre de Marco Antônio (Brando).
Suddenly, Last Summer (1959): Cirurgião é designado para cuidar de uma jovem cuja tia quer que ela seja lobotomizada para encobrir um segredo de família. Adaptado da peça homônima de Tennessee William. Bizarro melodrama sobre loucura, prostituição, homossexualidade, incesto e canibalismo; com performances impressionantes de Elizabeth Taylor e Katharine Hepburn. A temática abordada demonstra como o Código Hay estava sendo abandonado, e como Hollywood já flertava com o abismo moral, mesmo assim o filme não deixa de apontar o potencial destrutivo da enfermidade homossexual.
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