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John Sturges (1910-1992)


O diretor americano John Sturges especializou-se em filmes de ação robustos, principalmente faroestes, destacando-se por dar vida a histórias bem escritas sobre personagens difíceis em circunstâncias difíceis. Por outro lado, com a mesma frequência, ele não conseguiu resgatar material mal escrito, produzindo filmes igualmente inadequados.


Seu estilo era limpo e organizado; ele geralmente evitava truques sofisticados de câmera, mas suas composições eram invariavelmente eficazes e evocativas. Além disso, ele raramente deixava de extrair performances habilidosas de seus atores.


Produziu suas melhores obras entre meados da década de 1950 e metade dos anos 1960. Seguem comentários sobre seus filmes mais relevantes:


Bad Day at Black Rock (1955): Um estranho maneta (interpretado por Spencer Tracy) chega a uma pequena cidade que possui um passado que deseja manter em segredo a qualquer custo. Thriller que funciona graças à qualidade do elenco e a forma cirúrgica com que o diretor captura o clima de estranheza da diminuta cidade. Destaque também para o belo trabalho do cinematógrafo William Mellor em CinemaScope. O enredo exagera no estereótipo das personagens da cidade e força a mão na xenofobia para explorar os supostos excessos praticados contra os japoneses que viviam nos EUA quando do ataque a Pearl Harbor, mas não deixa de ser uma interessante história moral contra aqueles que se escondem atrás de eventos e grupos para exercer suas frustrações e mendacidade.


Gunfight at the O.K. Corral (1957): O homem da lei Wyatt Earp (interpretado por Burt Lancaster) e o fora-da-lei Doc Holliday (interpretado por Kirk Douglas) formam uma aliança improvável que culmina na sua participação no lendário tiroteio em O.K. Curral. O embate ocorreu em 26 de outubro de 1881 e durou trinta segundos, resultando em três mortos após uma troca de trinta e quatro tiros. O tiroteio ficcional neste filme levou quatro dias para ser filmado e produziu um espetacular banho de sangue na tela com duração de cinco minutos. Como entretenimento, esta representação do tiroteio faz jus ao mito, mesmo que se afaste da história real – e ninguém fez melhor que Sturges nas diversas versões levadas às telas. Mas o que eleva este filme à grandeza é o elenco: Burt Lancaster é brilhante como o torturado Wyatt Earp e Kirk Douglas apresenta um de seus maiores papéis encarnado Doc Holliday. Vale a pena comparar o filme com My Darling Clementine (1946) dirigido por John Ford – dois clássicos abordando de forma diversa o mesmo evento.


Last Train from Gun Hill (1959): Xerife (interpretado por Kirk Douglas) tenta levar o filho de um velho amigo, um autocrático barão do gado (interpretado por Anthony Quinn), à justiça por seu papel no estupro e assassinato de sua esposa. Clássico faroeste à moda antiga, com um elenco excelente e uma história interessante.


The Magnificent Seven (1960): Sete pistoleiros são contratados por camponeses mexicanos para libertar a sua aldeia de bandidos opressores. Ação, suspense, romance e humor entregues nas doses certas por um elenco recheado de estrelas e com a certeira trilha sonora de Elmer Bernstein ao fundo. Uma adaptação de Seven Samurai (1954) de Akira Kurosawa que, mesmo não se igualando ao original, conquistou seu lugar nos anais do gênero – Akira Kurosawa tanto apreciou o filme que enviou a John Sturges uma espada cerimonial como presente.


The Great Scape (1963): Prisioneiros de guerra aliados planejam fuga de um campo alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Vagamente baseado no livro de 1950 de Paul Brickhill com o mesmo título: um relato em primeira mão da fuga em massa de prisioneiros de guerra britânicos de Stalag Luft III, na província da Baixa Silésia, Alemanha nazista, em 1944.Clássico repleto de patriotismo, momentos lúdicos, situações de risco e suspense. A trilha sonora assinada por Elmer Bernstein encaixa-se perfeitamente na história e nas situações de perigo das personagens. O filme também tem momentos icônicos de Steve McQueen em sua motocicleta.


Joe Kidd (1972): Ex-caçador de recompensas (interpretado por Clint Eastwood) relutantemente ajuda um rico proprietário de terras e seus capangas a rastrear um líder de bandoleiros mexicanos. Sturge já decadente e com sérios problemas de alcoolismo é aqui salvo por Eastwood que consegue dar atratividade ao filme. Destaque para o impressionante cenário ao ar livre da cordilheira oriental de Sierra Nevada, na Califórnia, e das colinas do Alabama, perto de Lone Pine, Califórnia.


McQ (1974): Policial de Seattle (interpretado por John Wayne) é perseguido por uma força policial corrupta que está sob sua mira. McQ é um policial com uma missão. O roteiro é banal mas vale para ver Wayne interpretar um policial contemporâneo pela primeira vez. Antes Wayne havia declinado o papel principal no projeto inicial de Dirty Harry, e aqui teve a chance de fazer sua versão do icônico inspector. Pena que a idade já avançada (66 anos) e sérios problemas de saúde comprometem o physique du rôle de Wayne para este filme.

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