top of page

Going My Way (1944)


O jovem padre Chuck O'Malley (interpretado por Bing Crosby) levou uma vida agitada de esportes, música e romance antes de ingressar no clero católico romano, mas seu olhar equilibrado e brilhante deixa claro que ele sabe que fez a escolha certa. Ao ingressar em uma paróquia, o conhecimento mundano de O'Malley o ajuda a se conectar com uma gangue de crianças em busca de orientação e a lidar com os detalhes comerciais de manutenção da igreja, conquistando seu antecessor convencional e idoso, Padre Fitzgibbon.


Se há uma ideia que permeia o filme do início ao fim, é a alegria do sacerdócio. Na verdade, a jovialidade de O'Malley é a demonstração mais clara de que o padre não precisa ser um homem circunspecto ou solitário, mas, pelo contrário, deve ser feliz, dedicado, sociável e desapegado. Numa cena muito importante para o desenvolvimento do filme, ele explica, através da música de um piano, que o sacerdócio é como uma melodia gentil, não como uma melodia sombria. Assim, o seu apostolado entre as crianças, o seu trabalho com os vizinhos e até a sua gentileza com Fitzgibbon são gestos de caridade que se estruturam na alegria que sua vocação sacerdotal lhe proporciona.


No contraste de O'Malley com a posição de Fitzgibbon, não devemos identificar um desprezo pela figura do sacerdote sênior, mas, pelo contrário, uma abordagem afável para com ele. E, de fato, O'Malley não o discrimina em nenhum momento, pois respeita sua velhice e recorre a ele inúmeras vezes para pedir conselhos. Dessa forma, podemos compreender que a jovialidade deste último é complementada pela sabedoria do primeiro, indicando assim que o sacerdote ideal é aquele que conjuga as duas formas de ser. O'Malley é visto como um progressista, não no sentido revolucionário e destrutivo atual, mas como alguém que evolui naturalmente, alicerçado no melhor que a tradição lhe deixou de herança.


O filme se tornou um dos maiores sucessos comerciais da Paramount Pictures, sendo premiado pela Academia de Hollywood com sete estatuetas: melhor filme, melhor diretor, melhor ator principal, melhor ator coadjuvante (Barry Fitzgerald), melhor roteiro, melhor história original e melhor canção original (Swinging on a Star). O Globo de Ouro também fez eco a esse reconhecimento, ao conceder-lhe três prêmios: melhor filme, melhor diretor e melhor ator coadjuvante (novamente, Barry Fitzgerald). Tamanho sucesso gerou uma continuação do sacerdócio de O'Malley tão boa senão melhor: The Bells of St, Mary's (1945).


Interessante comparar que tipo de história em meados do século passado arrastava multidões ao cinema e ganhava reconhecimento da crítica com os presentes blockbusters ou os eleitos pela intelligentzia. E como a indústria de entretenimento substituiu a figura do padre sábio e solícito pela do padre pedófilo? A leitura de Goodbye, Good Men (2002) do jornalista investigativo Michael S. Rose dá uma resposta parcial.



Filme Nota 5 (escala de 1 a 5)

©2019 by Cultura Animi

    bottom of page