"The essence of cinema is editing. It's the combination of what can be extraordinary images of people during emotional moments, or images in a general sense, put together in a kind of alchemy." – Francis Ford Coppola
Francis Ford Coppola se tornou o primeiro diretor americano formado em um programa universitário em cinema a alcançar a fama. Depois de 10 anos dirigindo filmes inexpressivos, Coppola acertou a mão com The Goodfather (1972), inaugurando um período tão brilhante quanto fugaz. Depois de Apocalypse Now (1979) o diretor entrou num prolongado declínio, nunca mais recuperando o nível alcançado nos anos 1970.
Seguem comentários sobre seus filmes mais relevantes:
The Godfather (1972 / 1974 / 1990): Baseado no romance homônimo de Mario Puzo, os três filmes acompanham a família Corleone, uma poderosa dinastia da máfia ítalo-americana, ao longo de sete décadas. As ideias marxistas de Puzo e o progressismo de Coppola inserem na saga da família Corleone a espúria associação do crime com o capitalismo, a falsa relação das grandes fortunas com o patriarcado, elogios a revolução cubana, apologia ao aborto, e infundadas críticas à Igreja. Mas abstraindo desta panfletagem, temos um primeiro filme bem realizado e aliciante (Oscar de melhor filme em 1973), seguido de uma continuação que mantém o alto nível e ainda valoriza o filme anterior adicionando novas informações (Oscar de melhor filme, e melhor direção e roteiro adaptado para Coppola em 1975). O terceiro e último filme da saga é fraco, salvando-se apenas por vermos o protagonista Michael Corleone finalmente pagar por seus pecados. Destaque para a construção de algumas personagens ricas em ambiguidade, e, por isso mesmo, humanas e críveis. Pena que o destilar ideológico prejudicou outras tantas personagens como a repugnante Katy Corleone e os estereotipados representantes de instituições como a polícia, a política e a Igreja.
The Conversation (1974): Paranoico e reservado especialista em vigilância (interpretado por Gene Hackman) tem uma crise de consciência quando suspeita que o casal que ele está espionando será assassinado. Os assassinatos dos irmãos Kennedy, de Martin Luther King e de Malcolm X na década anterior, e o então recente caso Watergate criaram na década de 1970 o clima perfeito para os filmes com temática conspiratória e paranoica. Vários filmes explorando este filão foram realizados, e The Conversation é um dos melhores. Um thriller melancólico onde vemos um homem que se afastou da vida, pensando que observando-a desapaixonadamente por meio eletrônico poderia aplacar sua consciência – um homem atormentado em sua fútil tentativa de negar sua responsabilidade. Espiritual e moralmente ele já estava morto, e terminará sozinho em um inferno soturno que ele mesmo criou. The Coversation ganhou o Palme d’Or no Festival de Cannes de 1974.
Apocalypse Now (1979): Oficial do exército americano servindo no Vietnã é encarregado de assassinar um coronel renegado das Forças Especiais que se considera um deus. Belo caso onde a grandeza do simbolismo da fonte original (O Coração das Trevas de Joseph Conrad) impede que o progressismo do diretor deturpe a obra. O filme levou a Palme d’Or no Festival de Cannes daquele ano. A edição original é muito superior a versão estendida do diretor, Apocalypse Now Redux, lançada em 2001.