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Bela do Senhor de Albert Cohen

Personagens Principais Solal des Solal – judeu naturalizado francês, sub-secretário geral da Liga das Nações Ariane Deume – filha de nobre família da Genève, amante de Solal Adrien Deume – funcionário belga da Liga das Nações, marido de Ariane Personagens Secundárias Antoinette e Hippolyte Deume – pais de Adrien Os cinco valorosos – familiares de Solal Valèrie d’Auble – tia que criou Ariane Mariette – velha empregada de Ariane Agrippa d’Auble – médico, bondoso, tio de Ariane Isolda – outra amante de Solal

Interpretação O conturbado e funesto romance entre Solal e Ariane é menos interessante que o irreverente quadro que o autor traça da Liga das Nações – local de trabalho de Solal e Adrien (marido de Ariane). Cohen conhecera de perto a entidade durante seu trabalho na Organização Mundial do Trabalho em Genève.


A Liga das Nações foi introduzida pelo Tratado de Versailles em 1919 com o objetivo de preservar a paz na Europa, mera desculpa para criar o primeiro organismo visando uma nova ordem mundial na qual as nações independentes, com o tempo, transfeririam sua soberania à Liga, constituindo uma federação mundial de nações. O plano falhou miseravelmente com a explosão da II Grande Guerra. Porém o projeto globalista não foi abandonado, com a instituição apenas mudando de nome (ONU) e endereço (New York), e mantendo suas agências e organismos.


Os trabalhos infrutíferos, os jargões burocráticos que nada significam, a falsidade das reuniões, as negociações de bastidores, as comissões inúteis, e a vaidade e carreirismo dos burocratas da Liga das Nações são apresentados, ao longo do romance, de forma tão divertida quanto realista.


O romance dos protagonistas presta-se a uma analogia com a Liga das Nações. O sonhador e idealista Solal busca um amor pleno com uma mulher perfeita (ele passa do Don Juan que quer todas as mulheres ao amante de uma mulher perfeita que encarne todas), assim como os globalistas idealizam um mundo utópico, habitado pelo “novo homem” (todas as nações como só uma federação).


O mundo de amores e sonhos insinuado por Solal seduz a ingênua e pouco inteligente Ariane. E a promessa do “mundo melhor” dos globalistas atrai um povo desprovido de sentido e embrutecido. E assim como o amor doentio do casal os levou ao suicídio, as promessas messiânicas da Nova Orem Mundial só podem levar a humanidade a um fim fatídico.


 

Notas

  • Albert Cohen (1895-1981) nasceu em Corfu, Grécia. Judeu, naturalizou-se suíço em 1919.

  • Servidor público e novelista, escreveu em francês.

  • De 1926 a 1931 trabalhou na Organização Mundial do Trabalho em Genève, quando conheceu de perto a Liga das Nações.

  • Bela do Senhor (1968) é sua obra-prima.

  • A personagem Solal, duplo do autor, aparece em outros três romances: Solal (1930), Mangecious (1938) e Les Valeureux (1970).

  • A narrativa da Bela do Senhor inicia-se me 1936, nos preâmbulos da IIGG.

  • A criação a Liga das Nações foi proposta pelo presidente americano Woodrow Wilson sob a influência da Fundação Rockefeller.

  • O esnobismo dos novos-ricos (principalmente na pessoa Antoinette, sogra de Ariane) e o antissemitismo também são acidamente abordados no romance.

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