Personagens Principais Diôniso – um deus Penteu – rei de Tabas na época da ação Personagens Secundárias Agave – mãe de Penteu Cadmo – fundador e antigo rei de Tebas Tirésia - advinho
Interpretação A peça trata dois temas caros aos gregos: hübrys e meden agan.
“A vontade de um deus tem muita formas e muitas vezes ele surpreende-nos na realização de seus desígnios. Não acontece o que era de esperar e vemos no momento culminante o inesperado. Assim termina o drama.”
Ao final da peça o Coro fala claramente sobre a soberba (hübrys) de Penteu em pretender saber tudo sobre o divino. Diferentemente de Tirésias e Cadmo, Penteu não reconhece a divindade de Diônisio. Temos aqui um paralelo com a história bíblica de Jó – há mistérios insondáveis aos homens.
Diônisio (ligado a liberação das emoções) em oposição a Apolo traz um equilíbrio humano, porém deve-se respeitar a regra de “nada em excesso” (meden agan). A correta forma de adorar Diônisio seria com rezas e celebrações (como demonstra o coro que acompanha o “sacerdote” desde a Ásia Menor). O preço da quebra desta regra foi severamente pago por Agave inadvertidamente matando seu filho. O frenesi provocado por Diônisio nas mulheres tebanas (incluindo suas tias) também é um castigo pelas calúnias relacionadas à sua mãe (Semele) e a descrença no seu nascimento. O homem não está predestinado ao erro, é a cegueira moral que os provoca.
A abordagem destes dois temas também é explicitada pela última fala do segundo mensageiro:
“A conduta mais bela e sábia – penso eu – e a mais segura para todos os mortais é respeitar os deuses e ser moderado.”
Notas
Eurípides (484 a.C. – 406 a.C) nasceu em Salaminas (ilha próxima de Atenas).
Escreveu 74 peças (67 tragédias e 7 dramas satíricos). Algumas fontes atribuem-lhe 92 peças. Dessas chegaram até nossos dias um drama satírico (O Ciclope) e 18 tragédias: As Bacantes (provavelmente 405 a.C.), Medéia (431), Hipólito (428), As Troianas (415), Helena (412), Orestes (408), Ifigênia em Áulis (405), Andrômaca, Os Heráclidas, Hébuca, As Suplicantes, Electra (415-413), Héracles, Ifigênia em Táuris, Íon, As Fenícias, Alceste e Reso (de autoria contestada).
Eurípides apresenta o homem revoltado com sua condição, cuja alma sucumbe diante da realidade O homem como ele é, segundo Aristóteles, em oposição a como deveria ser apregoado por Sófocles. Vai-se do destino implacável esquiliano para a rebelião metafísica humana de Eurípides, passando pela esperança de Sófocles. Com Eurípides a tragédia mítica convertesse numa representação da vida cotidiana.
Eurípides está impregnado com as ideias e retórica dos sofistas.
Eurípides venceu apenas 4 vezes nos festivais a Dionísio (esquilo venceu 32 vezes e Sófocles mais de 20 vezes).
Escrita em 406 a.C. em Pela (Macedônia), As Bacantes foi encenada pela primeira vez após a morte de Eurípides na mesma trilogia de Ifigênia em Áulis.
Diônisio é filho de Zeus com a mortal Semele (que é incinerada pela ciumenta Hera), filha de Cadmus e irmã de Agave. Diônisio e Penteu são primos. As irmãs de Semele recusaram admitir sua relação com Zeus e o nascimento de Diônisio (Zeus a teria matado com um raio por Semele inventar tal relação).
Única tragédia sobrevivente na qual Diônisio aparece como personagem.